COMBATENDO

FAKE NEWS

Conheça as estratégias mais

consolidadas de combate a fake news

Introdução

A desinformação virou um surto durante a crise climática no Rio Grande do Sul. Vimos desde notícias falsas que acusavam o Governo Federal de negligência em relação às vítimas até insinuações de que as doações estavam sendo desviadas. Tudo isso ocorrendo em um momento caótico, onde mais de meio milhão de pessoas ficaram desabrigadas.

Mas como nós, criadores de conteúdo e organizações da sociedade civil, podemos desmentir notícias mentirosas orquestradas, sabendo que elas viralizam muito mais do que a informação verdadeira?

A gente mergulhou em tudo que há de ciência por trás da dinâmica de disseminação e consumo de fake news e encontramos insights importantes que podem fazer a diferença nesse combate. Nesta edição do “Persuasão”, vamos falar sobre as mais eficientes  estratégias de combate às fake news - e como colocá-las em prática.

NA PRÁTICA

Estratégias para
combater fake news

  • EXPLIQUE O MOTIVO POR TRÁS DA FAKE NEWS

    Nenhuma desinformação é criada sem propósito, seja qual for — desde questões políticas até comédia. Por isso, entender de onde determinada fake news surgiu, qual o contexto dela, o timing em que ela apareceu, pode te ajudar a entender melhor o que está acontecendo no mundo e as melhores formas de lidar com essa situação.

    Por exemplo, no caso do Rio Grande do Sul, a maior parte das fake news que vemos são relacionadas a desacreditar do papel do Estado, ampliando ideias liberais e agendas conservadoras. Dessa forma, já que esse é o motivo, qual melhor resposta do que mostrar tudo que o Estado fez e continua fazendo para lidar com os efeitos da tragédia?

  • NÃO DÊ PALCO PARA O MENTIROSO

    Como fazemos para desmentir uma fake news sem dar palco para a pessoa que a criou com uma intenção negativa? O foco aqui é sempre deixar claro logo no início do seu conteúdo, sendo ele um texto ou um vídeo, que o seu objetivo é mostrar a verdade, desmentir algo e só depois colocar o assunto que você quer transmitir, mas sem necessariamente citar o processo desinformativo.

    Por exemplo, para combater as fake news que atacam a atuação do Governo Federal no RS, você pode só divulgar quais são as ações que o governo está de fato realizando. É importante nunca propagar um conteúdo mentiroso sem uma tarja e um texto deixando claro qual a sua intenção!

  • ENTENDA SEU PÚBLICO

    A desigualdade informativa é real. Pesquisas do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo mostram que, mesmo durante a pandemia, partes menos privilegiadas da população do Reino Unido são menos propensas a recorrer à mídia noticiosa do que as mais privilegiadas. Fatores como idade, gênero, renda e educação influenciam isso. Se essas pessoas não estão nos encontrando, precisamos encontrá-las. Devemos mudar de uma mentalidade de "transmissão" para uma abordagem que fale com as pessoas onde elas estão, de uma maneira que as interesse.

    Por exemplo, se a maioria do seu público usa Facebook, publique conteúdo informativo e visualmente atraente nessa plataforma, usando uma linguagem acessível e direta ainda que mais jornalística.

  • CRIE UMA COMUNIDADE

    A informação se espalha em círculos, não em linhas retas. Os propagadores de fake news entendem isso e exploram ambientes onde o capital social é ganho ao compartilhar conteúdo envolvente. Eles constroem comunidades de pessoas com ideias semelhantes que se unem em torno de causas emotivas. Por isso é importante que tenhamos nossas próprias comunidades bem mobilizadas, então forme grupos de discussão online onde membros podem produzir e compartilhar conteúdos anti-desinformação. Mas mais do que isso, é importante que essas comunidades sejam engajadas ao ponto de agirem de fato, denunciando conteúdos falsos nas redes sociais, participando de campanhas online, etc.

  • SEJA ÁGIL

    Tenha material pronto para quando a desinformação surgir, como durante eleições ou crises. Desenvolva conteúdo perene sobre como evitar desinformação e configure fluxos de trabalho que permitam respostas rápidas.

  • REVISE O IMPACTO

    É difícil medir se algo impediu alguém de acreditar em uma mentira, mas é essencial avaliar o impacto. Use métricas de plataforma e ouça sua comunidade para ver o que está funcionando. Compartilhe o que está dando certo, pois este é um problema global que precisa de soluções colaborativas. Você pode também realizar pesquisas periódicas com seu público para entender quais tipos de conteúdo são mais eficazes em educá-los sobre desinformação por meio dos stories, por exemplo.

Quem são os envolvidos?

Quem espalha fake news?

  • FAMILIARES E AMIGOS

    Notícias falsas ou tendenciosamente manipuladas que se espalham através de grupos de chat de amigos e familiares (como aquela mensagem alarmista sobre uma falsa cura para uma doença sendo amplamente compartilhada entre grupos de WhatsApp).

  • CELEBRIDADES

    Famosos que publicam notícias falsas ou alegações enganosas nas redes sociais ou na TV (uma celebridade pode compartilhar uma teoria da conspiração ou um golpe sem verificar a veracidade, influenciando milhões de seguidores).

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BRIEF-SE

Do’s e don’ts da checagem de fatos

  • Os responsáveis pela desinformação são hábeis em produzir conteúdo atraente: histórias emocionantes de injustiças, visuais dramáticos e imagens que são boas demais para não serem compartilhadas. O objetivo aqui é menos nos apropriarmos disso, mas aprendermos com essas estratégias. Nossos cérebros preferem informações fáceis de processar, adoram repetição e, principalmente, se envolvem muito mais com notícias que reforçam e validam crenças pessoais.

    Por isso, priorize vídeos curtos e envolventes que expliquem os perigos das fake news e os métodos para identificá-las. Utilize repetições de pontos-chave para fixar a mensagem.

  • Segundo o relatório do International Panel on the Information Environment (IPIE), existem poucas estratégias de combate às fake news que realmente são apoiadas por pesquisas científicas, mas as que têm maior apoio acadêmico são as de checagem de fatos. Ao realizarem o trabalho jornalístico que vai contra o fluxo da informação, para entender de onde tal narrativa surge e se ela é verdadeira ou não, as agências de checagem de fatos conseguem chegar na raiz da mentira, e isso é muito efetivo para convencer os persuasivos.

    Entretanto, todos estão cansados de ver o dia todo notícias falsas sendo desmentidas, por isso, fortalecer a ação e engajamento dessas agências e usar seus trabalhos como base para produção de conteúdo (com os devidos créditos) pode ser bem efetivo.

PARA O SEU PÚBLICO

Ensine-os a utilizarem a metodologia IMVAIN

Essa técnica sugere 6 tipos de verificações rápidas para serem feitas assim que você recebe um conteúdo noticioso:

  • Fontes Independentes e credíveis são preferíveis a fontes com interesse próprio.

  • Múltiplas fontes são preferíveis a um relatório baseado em uma única fonte.

  • Fontes que Verificam ou fornecem informações verificáveis são preferíveis àquelas que apenas afirmam.

  • Fontes Autorizadas e/ou Informadas diretamente são preferíveis a fontes que são desinformadas ou que só copiaram o conteúdo.

  • Fontes Nomeadas são melhores do que fontes anônimas.

NOTAS FINAIS

¹ Sabemos que há pesquisadores/as do tema que utilizam o termo fake news relacionado apenas a conteúdos fabricados e 100% mentirosos, como é o caso da Professora Claire Wardle, diretora do Projeto First Draft. Para esses/as estudiosos/as, as fake news são parte de um ecossistema de desinformação, sendo uma categoria específica. Aqui, neste documento, escolhemos utilizar o termo em sua acepção cotidiana e popular nas redes sociais, entendendo fake news como um conceito guarda-chuva que nomeia diferentes tipos de conteúdos que produzem desinformação.

Fontes: