COMO RADICALIZAR
PESSOAS COMUNS
O PASSO A PASSO PARA TRANSFORMAR UMA PESSOA COMUM EM UM MILITANTE EXTREMISTA
Olavo de Carvalho, o guru da extrema-direita brasileira, sabia que sua revolução conservadora não poderia ser feita sozinho.
Ele precisava de uma militância formada para combater a esquerda. Foi o que ele fez: no True Outspoken, no Curso Online de Filosofia, no Mídia Sem Máscara.
Olavo foi o mais bem-sucedido radicalizador de pessoas comuns no Brasil. Mas depois dele essa estratégia se disseminou no campo da extrema-direita no país. Aqui estão as regras principais desse processo.
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1. Identifique públicos suscetíveis
Comece identificando públicos suscetíveis a suas mensagens. Foque em indivíduos ou grupos que se sintam marginalizados, injustiçados ou desiludidos.
Procure comunidades que enfrentam dificuldades econômicas, sociais ou culturais, pois são mais receptivas a narrativas que prometem soluções radicais para seus problemas. Por exemplo, jovens desempregados em áreas urbanas ou agricultores enfrentando crise financeira são alvos potenciais.
Compreenda as queixas específicas desses grupos para moldar suas mensagens de forma a ressoar profundamente, oferecendo um senso de pertencimento e propósito.
2. Crie comunidades de “Espaço Seguro”
Crie comunidades onde esses indivíduos possam se sentir aceitos e compreendidos.
Ofereça suporte emocional e um ambiente onde suas frustrações sejam validadas, criando um forte senso de camaradagem e solidariedade. Por exemplo, crie grupos online onde as pessoas possam compartilhar suas histórias de frustração sem medo de julgamento.
Promova a ideia de que o grupo é uma família ou uma comunidade unida contra um inimigo comum, fortalecendo os laços internos e preparando o terreno para uma maior influência e controle.
3. Aliene os grupos de setores progressistas
Trabalhe para alienar os membros do grupo de setores progressistas da sociedade. Use narrativas que deslegitimem e demonizem esses setores, pintando-os como inimigos ou traidores. Por exemplo, rotule ativistas de direitos humanos como traidores da nação ou acuse jornalistas progressistas de espalharem mentiras.
Crie uma desconfiança profunda em relação a fontes de informação alternativas e fomente a ideia de que o grupo é a única fonte de verdade. Isolados os indivíduos de pontos de vista divergentes, garanta que suas mensagens ressoem sem contestação, solidificando a lealdade dos membros.
4. Construa hierarquia entre os mais alinhados
Estabeleça uma hierarquia dentro da comunidade onde os membros mais alinhados e dedicados recebam status e responsabilidades adicionais.
Crie um sistema de recompensas que incentive a conformidade e a lealdade. Faça com que os indivíduos aspirem a subir na hierarquia, adotando comportamentos e ideologias cada vez mais extremistas para ganhar reconhecimento e aprovação. Por exemplo, dê títulos como “guardião da causa” ou “líder de célula” para aqueles que mostram maior dedicação. Consolide o poder dos líderes, garantindo que eles mantenham o controle sobre o grupo.
5. Transforme angústia em raiva
Manipule as emoções dos membros do grupo, transformando sentimentos de angústia e frustração em raiva direcionada.
Identifique inimigos comuns, como minorias, governos ou instituições, e os culpe por todos os problemas que o grupo enfrenta. Por exemplo, culpe imigrantes pela falta de empregos ou o governo por corrupção e ineficácia.
Use essa raiva direcionada como uma ferramenta poderosa para mobilizar os membros do grupo, incitando-os a agir contra esses inimigos percebidos.
Canalize a angústia para ações concretas, mantendo os membros do grupo constantemente mobilizados e engajados.
6. Entregue missões ao grupo
Mantenha a coesão e a atividade do grupo entregando missões e tarefas específicas aos seus membros. Varie as missões, desde a disseminação de propaganda até ações mais diretas e perigosas. Por exemplo, peça aos membros para distribuir panfletos, realizar reuniões clandestinas ou até mesmo participar de manifestações.
Dê aos membros tarefas concretas para reforçar o senso de propósito e importância dentro do grupo. Celebre missões bem-sucedidas para reforçar a lealdade e o comprometimento dos membros, e use falhas como oportunidades para aprender e fortalecer ainda mais a coesão do grupo.
PARA LEVAR:
A ideologia às vezes é só o preço de entrada.
A pessoa está lá pelo senso de comunidade.
Imagine um jovem de classe média, branco, hétero, com seus 16 anos, que está em uma crise de identidade com o mundo. Ele está inseguro sobre o futuro, preocupado se terá dinheiro ou não na vida e sente que o mundo como ele conhecia já não é mais o mesmo. Esse jovem já sofreu bullying por gostar de games, por não saber como se aproximar das garotas ou por não se sair bem nos esportes.
Esse jovem encontra um refúgio em um fórum sobre games, onde ele pode discutir suas paixões e encontrar pessoas com interesses semelhantes. Nesse espaço, ele começa a fazer vínculos, sentindo-se finalmente parte de uma comunidade onde é aceito e compreendido. É nesse ambiente que um usuário faz uma piada xenofóbica. O jovem não achou graça da piada, mas percebe que a dinâmica do grupo impõe uma escolha: não rir seria um ato político que poderia isolá-lo do grupo, enquanto rir preservaria as amizades que ele tanto valoriza. E assim, ele ri.
Nenhum dos jovens desse espaço precisa de fato saber a retórica nazista para reproduzir ideais nazistas. A mera permanência deles em um ambiente que valoriza esse tipo de ideal já é o suficiente para que ele seja imerso nisso e dificilmente possa ser resgatado de volta.
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JULHO/24