Junho de 2024

CRIANÇAS NA MIRA DOS ANÚNCIOS PAGOS

NOVA APOSTA DE PÚBLICO DO BRASIL PARALELO, REVISIONISMO HISTÓRICO E MUITO MAIS

RANKING DE JUNHO 2024

Nossa análise se concentra nos anúncios que classificamos como “SOCIEDADE”, o que abrange portais de notícias, produtores de conteúdo e campanhas de interesse público. O critério de entrada no ranking é de um gasto igual ou superior a R$5K/mês em anúncios políticos.

O carro forte da comunicação conservadora no Brasil

CONSERVADOR

1º BRASIL PARALELO


R$ 368K

1140 anúncios

Portal de notícias acusa vacina da COVID-19 de causar mortes em um dos seus anúncios mais recentes

CONSERVADOR

2º REVISTA  OESTE


R$ 305.8K

188 anúncios

CONSERVADOR

3º DESTRA


R$ 95.3K

664 anúncios

Agência de Mídia que vende cursos de políticos conservadores

4º INSTITUTO TEOTÔNIO VILELA


R$ 63.1K

Instituto de formação política ligado ao PSDB, que tenta se colocar como a terceira via brasileira

CENTRO

83 anúncios

ONG que há mais de 50 anos tenta convencer pessoas e governos que o aquecimento global é real

5º GREENPEACE BRASIL


PROGRESSISTA

R$ 62.1k

164 anúncios

Canal de notícias da maior emissora do país

CENTRO

6º GLOBONEWS


R$ 41.1K

12 anúncios

Instituto que comanda a organização da Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC)

CONSERVADOR

R$ 26.8K

7º INSTITUTO CONSERVADOR LIBERAL


150 anúncios

PROGRESSISTA

8º OXFAM BRASIL


R$ 26.6K

273 anúncios

Confederação de ONGs britânicas que busca erradicar a pobreza

Criado pela família de Senna, o Instituto possui como foco o apoio a projetos de educação integral

5 anúncios

NÃO SE APLICA

9º INSTITUTO AYRTON SENNA


R$ 18.4k

10º FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO


R$ 16.3K

NÃO SE APLICA

17 anúncios

Promove ações em prol da conservação ambiental

Fonte: Biblioteca de Anúncios da Meta

Período: 01 jun. 2024 a 30 jun. 2024

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VALOR GASTO POR CAMPO

CONSERVADORES

R$796.1K

PROGRESSISTAS

R$88.8K

Fonte: Biblioteca de Anúncios da Meta

Período: 01 jun. 2024 a 30 jun. 2024

CENTRO

R$104.2K

NÃO SE APLICA

R$34.7K

Resumo

BRASIL PARALELO

Em junho, a produtora voltou a ser a maior anunciante do nosso ranking: 368K em 1140 publicações. Entre os anúncios, destaque para conteúdos sobre a formação social do Brasil, repletos de revisionismo histórico e exaltação ao colonialismo português.

A BP apostou na divulgação de duas séries "Brasil: A Última Cruzada" e “Pindorama”, a última destinada ao público infantil.

Outro destaque da produtora foi a divulgação de sua parceria para a Licenciatura em História da Universidade Ítalo Brasileiro, contribuindo com o conteúdo do curso. Ela também seguiu com as propagandas do seu conteúdo sobre a China, tema do relatório passado.

REVISTA OESTE

Com 749 anúncios em 31 dias, nosso 2º lugar segue impulsionando publicações que falassem de assuntos polêmicos ou com críticas a figuras progressistas como Guilherme Boulos.

A Revista também continua com a estratégia de impulsionar suas campanhas de assinatura. Destaque também para uma matéria que correlaciona mortes com a vacina contra COVID-19.

Uma novidade foi o lançamento do programa “Faroeste à Brasileira”, apresentado por Tiago Pavinatto. A atração é exibida de segunda à sexta, às 14h,no canal de YouTube da Revista. O programa ao vivo traz comentaristas repercutindo as notícias do dia.

ANUNCIANTES DE CENTRO

Perfis de centro reapareceram no ranking. O melhor colocado foi o Instituto Teotônio Vilela (4º lugar), vinculado ao PSDB, que gastou cerca de R$63K em 83 anúncios. A estratégia foi impulsionar postagens com críticas ao governo Lula ou elogios a lideranças do partido como FHC.

Já a GloboNews apareceu em 6º lugar no ranking, com 12 anúncios que custaram R$61K, aproximadamente. A emissora optou por postagens didáticas no Instagram, usando formatos como reels e carrosséis para explicar pautas da conjuntura, por exemplo, a proposta de privatização das praias.

Em junho, o Brasil Paralelo recuperou a coroa que havia sido roubada pela Revista Oeste. O maior anunciante do ranking gastou R$368K em 1140 anúncios.

No meio do mar de anúncios, destaque para a divulgação de um especial da série "Brasil: A Última Cruzada", que se apresenta como a “maior obra de resgate histórico já produzida no nosso país”.

Semana passada, trouxemos um especial sobre os 7 mandamentos da extrema-direita, baseado no Alt-Right Playbook. No sexto mandamento, falamos sobre como a extrema direita prioriza a luta pelos corações e mentes. E a Brasil Paralelo quer ganhar essa batalha desde a mais tenra idade: a produtora está divulgando uma série infantil, a “Pindorama”, também sobre história do Brasil.

BRASIL

PARALELO

NO TOPO DO RANKING

“Vamos te mostrar a história do Brasil que a TV e a escola não contam”: aqui, fica muito nítido que a luta da produtora é contra os meios tradicionais de comunicação e as instituições educacionais, que eles consideram estar tomadas pela doutrinação de esquerda.

E a Brasil Paralelo parece querer rivalizar com tentativas mais progressistas de resgatar personagens que tiveram sua contribuições invisibilizadas pela história oficial. Por exemplo, enredo de 2019, “História que a história não conta”, da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, que ressaltou a importância de figuras marginalizadas nos processos de formação do país.

Do lado progressista, diversidade e representatividade de grupos marginalizados: "Brasil, chegou a vez De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês" - cantava a Mangueira, em 2019.

Já nas séries da Brasil Paralelo, chama atenção a exaltação ao colonialismo português e a figuras da monarquia brasileira. E claro, o revisionismo histórico.

"Nenhum povo tem consciência do seu destino e a certeza de seu valor se ignora seu passado ou se simplesmente não compreende".

O trailer da série trouxe Olavo de Carvalho dizendo que “a grande coisa do Brasil foi evidentemente a miscigenação”. Há ainda comentários sobre como os jovens viveriam uma crise de identidade na atualidade por não conheceram sua própria história. Segundo a BP, a história do Brasil é rica pela capacidade de formar grandes homens (com ênfase no masculino, sem nenhuma menção a mulheres ou outros grupos minoritários).

Cabe ressaltar que a série não foi lançada agora, mas ganhou uma edição especial, que acompanha a primeira animação de ficção da Brasil Paralelo: “Reconquista”.

DESTAQUES

BRASIL PARALELO E AS CRIANÇAS

Fazendo uma ligação com “Brasil: A Última Cruzada”, ela promete devolver o orgulho de ser brasileiro e garantir que a história do Brasil "ganhe seu devido lugar no coração das crianças".

Como é possível ver na imagem acima, a plataforma já possui outros conteúdos infantis hospedados: eles são apresentados como “seguros”, diferentemente das obras que possuem “mensagens duvidosas”. Nota-se uma estratégia de convencimento para pais que estão preocupados com o que seus filhos consomem.

Evidentemente, a Brasil Paralelo não pode segmentar seus anúncios para o público infantil: o limite de idade para ingressar nas plataformas não permite. A estratégia é direcionar as publicações para os familiares dessas crianças, que assinam o streaming e fazem essa ponte.

O grande destaque é a série autoral da Brasil Paralelo, Pindorama, que traz episódios sobre a História do Brasil, em um formato de animação, típico do público infantil. Ela é a primeira série original voltada para crianças da plataforma.

“Precisamos garantir que as próximas gerações não esqueçam quem elas são, o que significa nascer no Brasil e carregar na sua essência o ser brasileiro”.

Estreias gratuitas como estratégia

Notamos que os veículos de mídia da extrema direita repetem o uso de uma estratégia: oferta de conteúdo gratuito como isca para conquistar sua audiência. É comum que essa oferta seja amplamente divulgada através de mídia paga. A divulgação ocorre com antecedência, gerando expectativa nas pessoas que acompanham as marcas.

O ciclo se repete: um conteúdo novo é anunciado e sua estreia é prometida em determinado dia e horário no YouTube. Para que o convite não se perca, os usuários são aconselhados a seguir o canal ou se cadastrar num formulário: tornam-se seguidores da marca e/ou inserem seus dados pessoais na base de contatos dela.

Os conteúdos que apresentam os lançamentos costumam ressaltar a importância de se tornar assinante, para que as produtoras continuem produzindo esse tipo de mídia. É assim com a Brasil Paralelo, com a Revista Oeste, com a Epoch Times TV…

Origem da produtora e próximos passos

A BP também está sempre relembrando sua origem, afirmando que começou de forma amadora e com pouco investimento.

Os anúncios de junho também deram spoilers sobre os próximos lançamentos da produtora para estimular os espectadores a assinarem a plataforma. Ela promete um original todo mês até o fim do ano.

Outro destaque dos anúncios da Brasil Paralelo em junho foi a promoção de sua parceria com a Universidade Ítalo Brasileiro: a produtora está oferecendo seu conteúdo para o curso de Licenciatura em História.

Revista Oeste: repetição de estratégias e novo programa

A Revista Oeste caiu para o segundo lugar do ranking.

Os anúncios continuam apostando em assinaturas e notícias sobre temas polêmicos para extrema direita. Desta vez, foi possível notar críticas também a figuras da esquerda como Janones e Boulos.

Nos conteúdos críticos ao governo Lula, chamou atenção o apelo a uma narrativa muito comum da extrema direita contra os petistas: a imagem de gastança desenfreada nas contas públicas e de uma vida de luxo vivida por seus representantes.

Outro destaque foi a divulgação do novo programa da Oeste, chamado “Faroeste à Brasileira”, apresentado por Tiago Pavinatto. O formato do programa é do tipo ao vivo, com a presença de convidados para comentar as últimas notícias. Ele é exibido de segunda à sexta, às 14h, no canal do YouTube da Revista. Sua estreia foi amplamente promovida através de anúncios, seguindo as estratégias já comentadas nesse relatório.

DESTRA

A agência continuou apostando em Nikolas Ferreira

A agência apresentou o 3º gasto do mês entre os anunciantes da categoria sociedade: cerca de R$95K em 664 anúncios. Do ponto de vista narrativo, não houve muita novidade: os dois cursos de Nikolas continuam sendo a principal aposta. Um dedicado a quem que se candidatar a um cargo político nas eleições de 2024. O outro destinado ao público cristão, a importância da fé e de se posicionar politicamente.

Instituto Teotônio Vilela: Fundação do PSDB critica Lula

Novidade no ranking, o Instituto Teotônio Vilela (ITV) é um centro de formação política do Partido da Social Democracia (PSDB), fundado em 1995. O nome presta homenagem ao político alagoano, que foi um dos fundadores da UDN no Estado e integrante do movimento “Diretas Já”.

Destaque para notícias do partido, de seus nomes icônicos e críticas a Lula, bem como a divulgação do boletim “Farol da Oposição”.

Além disso, o Instituto impulsionou publicações que exaltavam nomes famosos do partido como FHC, aproveitando o aniversário do Plano Real. Aécio Neves também apareceu com destaque. O PSDB busca se apresentar como uma terceira via no cenário político brasileiro.

Greenpeace Brasil: proteção da Amazônia e campanhas de filiação

A ONG gastou cerca de R$62 mil reais em 164 anúncios. Os posts trataram de assuntos variados, incluindo, conteúdos explicativos sobre sua atuação e a importância de se tornar doador.

Um destaque foi a campanha contra o Garimpo Legal, que contou com uma petição e a hashtag #AmazôniaLivreDeGarimpo.

GloboNews: anúncios sobre propostas legislativas

Todos os anúncios da emissora foram feitos no Instagram. Os posts traziam também explicações de jornalistas, principalmente, a respeito de termos técnicos como desoneração e alíquota, desmistificando os significados.

Também novidade no ranking, a emissora investiu cerca de 41K em apenas 12 anúncios sobre três assuntos: 

As publicações traziam explicações em um tom didático, usando formato típicos do Instagram (reels e carrossel). Por exemplo, nos posts sobre a PEC, a emissora optou por uma descrição do passo a passo da tramitação de cada proposta.

7º lugar do ranking: Instituto Conservador Liberal

A Instituição gastou R$26K em 150 anúncios. Os posts impulsionados convidaram o público para participar da Conferência de Ação Política Conservadora 2024, realizada nos dias 6 e 7 de julho, em Balneário Camboriú (Santa Catarina).

O encontro foi chamado por eles de “maior evento conservador do mundo”, contando com a participação de figuras famosas da extrema direita como Jair Bolsonaro e Javier Milei.

Os posts comemoraram resultados como a vitória do parlamento europeu- em que a bancada conservadora se manteve como a maior - e convidou as pessoas de direita a participarem do evento. O argumento? A necessidade de pensar no futuro: marcar presença seria planejar os próximos passos e mostrar que “a grande maioria, as pessoas de bem estão do lado certo”.

Outro ponto para se prestar atenção é a presença de mulheres conservadoras como convidadas no evento: a extrema direita tem incentivado a participação de mulheres na política, desde que estejam alinhadas aos seus princípios.

Parlamentares famosas da extrema direita palestraram na edição, por exemplo, a deputada federal Júlia Zanatta:

As três últimas posições do ranking: defesa de direitos

Oxfam Brasil, Instituto Ayrton Senna e Fundação Grupo Boticário completaram o top 10 de maiores anunciantes na categoria "Sociedade". Juntos os três gastaram cerca de R$61.4K em posts impulsionados.

Os anúncios de cada perfil se dedicaram às pautas principais que defendem, respectivamente: fim da desigualdade social, acesso à educação e preservação da biodiversidade. Destaque para os posts da Oxfam sobre Reforma Tributária, que atingiram mais de 1 milhão de perfis:

PT no topo

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PT no topo -

Quando olhamos para o relatório da Biblioteca da Meta sem nosso filtro de categoria, notamos que o Partido dos Trabalhadores (PT) foi o anunciante que destinou o maior volume de gastos à mídia paga na Biblioteca da Meta: cerca de R$896.9K em 122 anúncios.. No mês passado, o campeão havia sido a Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo do Brasil (Secom) gastou R$412K em 58 anúncios.

O PT mais que dobrou o gasto feito pelo campeão de maio. Além disso, no mês anterior, o partido havia gasto em torno de R$ 91K em anúncios, o que significa que o volume foi quase nove vezes maior.

As publicações impulsionadas divulgaram diferentes ações de governos comandados pelo partido. Além disso, a legenda também divulgou sua campanha de filiação e deu ênfase ao que aconteceu no Rio Grande Sul, defendendo a necessidade de ações preventivas.

O anunciante que mais gastou no mês de junho

Golpes na Meta

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Golpes na Meta -

‼️Perfil usou IA para manipular imagem

de Nikolas Ferreira e praticar golpes‼️

Um perfil chamado “Debates Brasil” gastou R$16.6K em 754 anúncios somente no mês de junho.

Em um dos posts, um vídeo de Nikolas Ferreira manipulado com IA simulava o deputado respondendo a uma pergunta em seu Instagram sobre um decreto do Serasa que teria sido aprovado. Ele afirmava que o Serasa tinha sido multado por vazar dados dos usuários em 2021: como indenização, ela pagaria um valor aos clientes entre 5 mil e 30 mil reais.

Os posts encaminhavam os internautas para um site, prometendo que eles seriam atendidos e dariam entrada no ressarcimento. As contas e os anúncios foram removidos da Meta, mas a plataforma não tem conseguindo barrar todas as tentativas de golpe.

Confira outros relatórios

BRASIL PARALELO MIRA EM NOVO PÚBLICO

JUN/24

Metodologia

A metodologia que usamos pra fazer o QPB se baseia em uma análise exploratória da Biblioteca de Anúncios da Meta, a partir dos dados brutos da plataforma. Os relatórios - que são baixados em csv por meio do site https://www.facebook.com/ads/library/ - trazem apenas quatro colunas nativas: Page ID; Page name; Disclaimer; Amount spent (BRL) e Number of ads in Library.

Esse mês tivemos mudanças metodológicas em relação ao último relatório: passamos a adotar uma divisão tripartite dos anunciantes, que estão classificados em: Sociedade, Mercado e Poder. O nosso ranking não aborda a Biblioteca de Anúncios como um todo, apenas o que categorizamos como “Sociedade”. E que tipo de anunciantes compõem essa categoria?

  • Veículos de Mídia: Portais, jornais e revistas

  • Organizações da sociedade: Institutos, associações, fundações e alguns tipos de ONGs

  • Produtoras de conteúdo: Por exemplo, canais de streaming.

  • Campanhas: apenas de ONGS e movimentos sociais.

No relatório que foi para o site do Projeto Brief, nós já estávamos usando a categoria “Sociedade”, que substituiu o que chamávamos antes de “Mídia”. A diferença é que refinamos nossa metodologia e agora incluímos instituições que fazem disputa de valores como ONGs voltada para defesa dos direitos humanos.

*Aqui, é importante ressaltar que optamos por não incluir ONGs com perfil mais assistencialista, como a Cruz Vermelha, devido à consideração de que elas não fazem parte do embate comunicativo.